Governo do estado promete ações para combater onda de homicídios em Santa Maria

Governo do estado promete ações para combater onda de homicídios em Santa Maria

Foto: Gilberto Ferreira

O governador Eduardo Leite (PSDB) informou em vídeo publicado na terça-feira (15) na rede social do prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), que estão sendo planejadas ações mais efetivas para combater os homicídios na cidade. A fala foi divulgada poucas horas antes de o município registrar o 60º assassinato de 2024. Um adolescente foi morto a tiros no Bairro Noal na madrugada de quarta-feira (16).


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Leite não especificou as medidas, mas disse que serão divulgadas nos próximos dias, sob coordenação do secretário da Segurança Pública, Sandro Caron.



– Estamos cientes e atuantes para poder garantir a redução dos homicídios em Santa Maria. O secretário Sandro Caron já colocou a Brigada Militar e a Polícia Civil para organizar força de pressão operacional, ainda mais contundente na cidade, para garantir a redução desses indicadores, que preocupam a população. Temos outras ações também planejadas para poder garantir, junto ao sistema prisional, que não haja a possibilidade de atuação de grupos organizados que, de dentro do sistema prisional, tentam ter atuação nas ruas – informa Leite no vídeo.


Nas primeiras horas de quarta-feira (17), Emerson Francisco Chagas Pedroso Silva, 16 anos, foi executado a tiros dentro de casa na Rua Bege, na Vila Arco-Íris, no Bairro Noal. Testemunhas relataram que três homens armados invadiram o local e efetuaram os disparos. Este foi o quinto homicídio em uma semana na cidade.

 
Com isso, Santa Maria já registra um dos anos mais violentos da última década, ultrapassando 2023 e se aproximando de 2022 e 2017, quando 70 assassinatos marcaram esses anos. Em 10 anos, apenas em 2016 o município havia superado a marca de 60 homicídios em 12 meses.


A maioria dos casos está diretamente ligada ao comércio de drogas e à disputa de territórios entre grupos criminosos locais e de fora da cidade.


– Geralmente, são crimes de execução que envolvem indivíduos que não são oriundos daqui, que evitam locais com presença de câmeras de segurança, sem presença de testemunhas ou com qualquer pessoa que possa contribuir com a investigação – diz Adriano De Rossi, delegado de Homicídios.


Ele destaca o crescimento do tráfico de drogas na cidade.


– Esse é um tipo de crime que tem muitos benefícios financeiros e, a partir do momento em que você começa a ter benefício financeiro com um crime, ele gera uma necessidade de se ampliar esses ganhos – diz De Rossi, que assumiu recentemente a Delegacia de Homicídios em substituição ao delegado Marcelo Arigony, que pediu aposentadoria.

 
Conforme De Rossi, além das facções atuantes em Santa Maria, um grupo do sul do Estado tenta ampliar a presença na região.


– Tem uma facção em específico, com várias ramificações, que tem gerado disputas por territórios na cidade com o objetivo de alavancar os seus ganhos. Por isso tem ocorrido muitos homicídios, pois é muito dinheiro envolvido – revela.


Conforme a Polícia Civil, as regiões Oeste e Norte concentram esse tipo de crime. 


Raio-x da violência em Santa Maria


Perfil das vítimas em 2024:

Homens: 54
Mulheres: 6


As mortes incluem:

Feminícidio: 1
Adolescentes e jovens: 29


Alto consumo de drogas na cidade incentiva os homicídios

A Brigada Militar (BM) também trabalha para combater as ações criminosas em Santa Maria. Segundo a BM, até o momento, foram apreendidas 229 armas de fogo, presas 1.760 pessoas e recolhidos mais de 500 quilos de drogas.

 
O comandante da Brigada Militar de Santa Maira, coronel Cleberson Braida Bastianello, analisa o perfil da cidade em relação ao consumo de entorpecentes. A tecnologia é aliada da segurança pública.

 
– As polícias estão trabalhando, combatendo, com uso de drones ou a presença de efetivo policial de outras cidades, o que tem reforçado o nosso patrulhamento. Mas o consumo de entorpecentes está disseminado em todas as frações da sociedade, desde a classe alta até a baixa, e isso fomenta uma cadeia comercial criminosa e violenta que vai resultar em ações como o assalto ou o homicídio – pontua.

 
O comandante chama a atenção para a necessidade de ações mais efetivas dentro cadeias, lugares de onde, na maioria das vezes, parte o comando para a execução dos crimes.

 
– Precisamos, sim, de ações pontuais e estratégicas, com o uso de tecnologias e métodos nessas áreas onde mais tem ocorrido esses crimes, mas também necessitamos de bloqueadores de celular nas casas prisionais e de uma agilidade nos processos judiciais para que esse indivíduo seja condenado e cumpra a pena em regime fechado – observa Bastianello.


Elucidação
Das 60 vítimas dos homicídios deste ano, 54 eram homens e seis mulheres entre 14 e 71 anos. Metade dos mortos – 30 – eram adolescentes e jovens com idades entre 14 e 29 anos.

 
Sobre o percentual de elucidação dos crimes, o delegado Adriano de Rossi diz que, dos 60, cerca de 50 foram elucidados, ou seja, 90% dos homicídios.


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